quarta-feira, 21 de março de 2007

A Água

Hoje que é dia Mundial da Poesia, deixo aqui um grande clássico e que merece ser recitado a alto e bom som.

Como a cultura pode ser bonita.





"A Água"



Meus senhores eu sou a água

que lava a cara, que lava os olhos

que lava a rata e os entrefolhos

que lava a nabiça e os agriões

que lava a piça e os colhões

que lava as damas e o que está vago

pois lava as mamas e por onde cago.





Meus senhores aqui está a água

que rega a salsa e o rabanete

que lava a língua a quem faz minete

que lava o chibo mesmo da raspa

tira o cheiro a bacalhau rasca

que bebe o homem, que bebe o cão

que lava a cona e o berbigão.





Meus senhores aqui está a água

que lava os olhos e os grelinhos

que lava a cona e os paninhos

que lava o sangue das grandes lutas

que lava sérias e lava putas

apaga o lume e o borralho

e que lava as guelras ao caralho





Meus senhores aqui está a água

que rega rosas e manjericos

que lava o bidé, que lava penicos

tira mau cheiro das algibeiras

dá de beber ás fressureiras

lava a tromba a qualquer fantoche e

lava a boca depois de um broche.





"A Água", de Manuel Maria Barbosa du Bocage.




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